Complexo de Édipo e Superego
Freud:
Freud preconiza a situação edípica como uma das problemáticas fundamentais à teoria psicanalítica, visto que este é o momento no qual se dará a constituição do sujeito. Nesse sentido, como aponta Moreira (2004), a importância da passagem pelo Édipo e sua condição estruturante nos remete a pensar a constituição do sujeito a partir da incontestável presença do outro. Ora, se a triangulação edípica não prescinde da existência de um casal de pais, seja real ou simbólico, torna-se imperativo a inscrição do outro na estruturação do sujeito.
O sujeito, por conseqüência do que é vivenciado no Édipo, sai com determinadas identificações. É a partir destas identificações que será possível a constituição do superego.
“O superego resulta de um processo identificatório com a lei, da qual o pai é o representante.” (Moreira, 2004, p. 224).
A dissolução do Complexo de Édipo desempenha papel fundamental na estruturação da personalidade e na orientação do desejo humano, além de ser a principal temática de referência no que diz respeito às psicopatologias.
Freud concedeu ao complexo de castração o eixo central para a compreensão do Complexo de Édipo. Diferentemente, Melanie Klein descreveu a situação edípica com foco nas fantasias primárias.
Klein:
A hipótese do superego arcaico já havia obrigado Melanie Klein a antecipar o início do complexo de Édipo para o começo do segundo ano de vida. Mais tarde, ela desvincularia o surgimento do superego arcaico da questão edípica e acabaria por antecipar o próprio complexo de Édipo em sua dimensão mais arcaica para os seis meses de idade, quando surge a primeira "posição depressiva".
Segundo Klein (1945/1996), o Complexo de Édipo começa paralelamente com início da “posição depressiva”, uma vez que é nesta fase que os sentimentos amorosos passam a ocupar cada vez mais espaço, no lugar dos sentimentos persecutórios e destruidores, característicos da “posição esquizoparanóide”. E seu declínio coincidirá exatamente com a prevalência dos sentimentos característicos da “posição depressiva”, o amor da criança pelos pais, o desejo de preservá-los e não mais de destruí-los. Isto torna visível como é central a questão edipiana no desenvolvimento da criança, já que a transição da “posição esquizoparanóide” para a “posição depressiva” se dá neste contexto e é favorecida por ele. Os impulsos sexuais são direcionados para uma forma de reparar efeitos da agressividade, o que induz ao nascimento de fantasias reparadoras, de extrema importância para a sexualidade adulta.
Klein (1925/1996) ainda afirma que os sentimentos de culpa têm origem nos desejos sádico-orais, e não são conseqüências do Édipo, mas sim um dos fatores que acompanham o desenvolvimento edipiano.
Já a origem do Superego, como afirma Marta Rezende (2002), se localiza já nos primeiros estágios do conflito edípico. Sua formação se inicia desde muito cedo, “e o que faz com que ele apareça é o advento do Complexo de Édipo” (Cardoso, 2002, pág. 55.).
Melanie (1945/1996) revela que a criança introjeta objetos em cada fase de sua organização libidinal, e o superego é construído a partir destes elementos introjetados. “O superego se desenvolve a partir dessas figuras introjetadas – as identificações da criança – influenciando, por sua vez, a relação com os pais e todo o desenvolvimento sexual.” (Klein, 1945/1996, págs 463-4).
Como Melanie Klein descreveu a situação edípica com foco nas fantasias primárias, pode-se dizer que, ao conseguir distinguir objetos totais, a existência dos pais como pessoas que possuem seus próprios desejos e que se voltam para outros campos que não a criança, essa começa a direcionar seus impulsos e fantasias a estes, o que instala o cenário para o início do Complexo de Édipo.
Assim, é possível verificar a relação intrínseca entre o desenvolvimento edipiano e a formação do superego, e entre estes fatores e a passagem da “posição esquizoparanóide” para a “posição depressiva”, fatores esses que incidirão diretamente da estruturação da personalidade do sujeito.
De acordo com Figueiredo e Cintra (2008), é a partir do atravessamento da posição depressiva e a solução do complexo edipiano que o sujeito amplia a capacidade de experimentar relações complexas e ambivalentes com objetos integrais, admitindo a relativa autonomia destes objetos e suas ligações com os outros e com eles próprios.
Há uma alternância entre objetos internos e externos ao se perceber a realidade, por parte do bebê, o que interliga intrinsecamente o complexo de Édipo à formação do superego.
A partir da análise de crianças pequenas (3 a 6 anos), Klein pôde constatar que as tendências edipianas são despertadas pelo desmame (entre o primeiro e o segundo ano de vida). Esta frustração oral é reforçada pelas subseqüentes frustrações anais e também pelas diferenças anatômicas que existem entre os sexos, o que faz necessário explicar o desenvolvimento do menino e da menina separadamente.
Muito bom!!
ResponderExcluirMe ajudou muito, obrigada <3
oi Juliana.
ResponderExcluirque bom se sentiu ajudada...
obrigada por partilhar...
um abraço.
Boa tarde teria mais textos elucidativos referente ao complexo de Èdipo?
ResponderExcluirPágina pessoal pra seguir e acompanhar seu belíssimo trabalho desde ja meu singelo obrigado abraços de carinho.