CAMINHOS PERCORRIDOS…
¨Freud reconheceu a sexualidade da criança à partir da sexualidade recalcada dos neuróticos.
¨1898 – “A sexualidade na etiologia das neuroses” – ainda considera improvável a aplicabilidade da terapia analítica às crianças;
¨1905 – “Três ensaios sobre a teoria da sexualidade”;
¨1907 – “Esclarecimento sexual das crianças” – já tinha posse do material de Hans;
¨1908 – “Sobre as teorias sexuais infantis”
¨1909 – “O pequeno Hans” – confirmação de suas teorias
¨1920 – “Além do Princípio do Prazer” – o brincar como movimento simbólico
SEXUALIDADE INFANTIL
¨Freud descreveu as características da sexualidade infantil em “Três Ensaios sobre a teoria da sexualidade”. A criança pequena é uma criatura instintiva, cheia de uma sexualidade total ainda indiferenciada.
¨Os “Três ensaios sobre a teoria da sexualidade” (1905) é sem dúvida o texto fundamental a partir do qual a problemática do auto-erotismo é inserida, marcando a mudança teórica quanto à questão da etiologia das neuroses. Com efeito, a sequência sedução-trauma-defesa, que imperava no período anterior, é substituída pela sentença “a neurose é o negativo da perversão”, sendo que a “perversão polimorfa infantil” é norma na infância. O auto-erotismo é entendido então, como uma das características dessa sexualidade infantil perversa polimorfa que os neuróticos reprimem e os perversos atuam.
•Todo prazer corporal que não era devido à satisfação direta das pulsões do ego (tais como a satisfação da fome, sede, e necessidades excretórias) ele considerou como sendo sexuais ou eróticas, sendo que zonas corporais suscetíveis à estimulação erótica, foram denominadas zonas erógenas.
•As zonas erógenas são fontes de diversas pulsões parciais (auto-erotismo) e determinam com maior ou menor especificidade um certo tipo de meta sexual.
•Existe apenas uma libido que desloca de uma zona para outra
•Decorre daí, segundo Freud, o fato de que a pulsão sexual está fragmentada em pulsões parciais, de satisfação localizada e que só progressivamente tenderão a unificar-se em uma mesma organização libidinal, sob o primado da genitalidade, portanto, há uma integração das pulsões.
•Considerações Preliminares
1- Fase Oral – Primeira fase da evolução libidinal. O prazer sexual está predominantemente ligado à excitação da cavidade bucal e dos lábios que acompanha a alimentação. Esta fase estaria situada entre o nascimento e os 2 anos.
2- Fase Anal – A Segunda fase da evolução libidinal pode ser situada entre os 2 e 4 anos; é caracterizada por uma organização da libido sob o primado da zona erógena anal; a relação de objeto está impregnada de significações ligadas à função de defecção (expulsão-retenção) e ao valor simbólico das fezes.
¨A essência do que foi denominado “fase anal” poderia resumir-se a esse antagonismo entre submissão passiva e rebeldia ativa, alternado-se em perpétua ambivalência.
¨Erotismo uretral – prazer da micção, percepção da diferença entre os sexos. Enurese – equivalente inconsciente da masturbação.
3- Fase ou Organização Genital:
Compreende dois momentos, separados pela latência: a fase fálica (ou organização genital infantil) e a organização genital propiamente dita que se institui na puberdade.
- Fase Fálica – Fase da organização infantil da libido que se caracteriza por uma unificação das pulsões parciais sob o primado dos órgãos genitais; mas, o que já não será o caso na organização genital pubertária, a criança, de sexo masculino ou feminino, só conhece nesta fase um único órgão sexual, a saber, o masculino. Esta fase corresponde ao momento culminante e ao declínio do complexo de Édipo; o complexo de castração é aqui predominante.
- Fase Genital - Fase da organização infantil da libido que se caracteriza pela organização das pulsões parciais sob o primado das zonas genitais.
¨Período de Latência – período que vai do declínio da sexualidade infantil até o início da puberdade, e que marca uma pausa na evolução da sexualidade. Observa-se nele uma diminuição das atividades sexuais, a dessexualização das relações de objeto e dos sentimentos, o aparecimento de sentimentos como o pudor ou a repugnância e de aspirações morais. O gradual abandono de investimento nos objetos dá lugar às identificações, a autoridade dos pais é introjetada e constitui o núcleo do superego.
¨Tem origem no declínio do complexo de Édipo; corresponde a uma intensificação do recalque – que tem como efeito uma amnésia que cobre os primeiros anos -, a uma transformação dos investimentos de objetos em identificações com os pais e a um desenvolvimento das sublimações.
¨Chama-se “período” porque durante o período considerado, embora possamos observar manifestações sexuais, não há, a rigor, uma nova organização da sexualidade.
O COMPLEXO DE ÉDIPO
•É o clímax da sexualidade infantil, o desenvolvimento erógeno que parte do erotismo oral, através do erotismo anal, para a genitalidade e, bem assim, o desenvolvimento de relações objetais que culminam nos desejos edipianos. A superação destes desejos, a substituir-se pela sexualidade adulta, representa o pré-requisito da normalidade.
•Complexo de Édipo – é o momento organizador, estruturador da realidade psíquica, do mundo da criança, do aparelho psíquico.
•O complexo de Édipo desempenha papel fundamental na estruturação da personalidade e na orientação do desejo humano. Ele é o principal eixo de referência da psicopatologia; para cada tipo patológico eles procuram determinar as formas particulares da sua posição e da sua solução.
•Freud (1924) salienta que o complexo de Édipo é o fenômeno central do período sexual da primeira infância.
•O apogeu do complexo é vivido entre os três e cinco anos, durante a fase fálica; o seu declínio marca a entrada no período de latência.
•Já na primeira formulação, Freud afirma a universalidade do Édipo: “A todo ser humano é imposta a tarefa de dominar o complexo de Édipo...”.
•Vir a ser homem ou mulher está intrinsecamente relacionado aos destinos do complexo de Édipo de cada um. O modo de percorrer e solucionar as questões essenciais é bem diferente para cada ser humano, e esta caminhada determina o pathos, o sofrimento e a paixão de cada um de nós.
•A sua eficácia vem do fato de fazer intervir uma instância interditória (proibição do incesto) que barra o acesso à satisfação naturalmente procurada e que liga inseparavelmente o desejo à lei.
¨Está de mãos dadas com o complexo de Édipo;
¨É simbólica e representa a interdição do pai;
¨A percepção que muda:
¤ não tem o pênis porque vai crescer;
¤Não tem porque caiu;
O que provoca a mudança é o medo da castração. Assim, quando há o momento da castração da mãe, é momento que a queda do CE se estabelece.
A castração da mãe é o mais decisivo no desenvolvimento ou curso do CE.
¨ A mãe era a pessoa mais fálica; diante da castração da mãe, o sujeito terá uma atitude: negá-la. (é a partir da castração da mãe que o sujeito também se vê castrado).
¨A negação é feita de três formas que, por sua vez, determinarão a estrutura do sujeito.
¨
¨1ª forma: RECALCA
há para o sujeito “o pode” e o “não pode”
Todo sujeito que recalcou a castração é um neurótico e está submetido a Lei Edípica que organiza o mundo. Assim, o recalque da castração é a melhor saída.
-“não posso tudo... Não é tudo que é permitido... Não tem só sua mãe no mundo...”
-“aceito as normas”, “cumpro a lei edípica (não pode incesto)”
¨2ª forma – FORACLUSÃO
(jogar fora, arremessa, descartar, eliminar material rejeitado)
O processo da castração é inexistente, uma vez que, a castração da mãe não existe por causa da falta do pai. Assim, não conclui o Édipo com o recalque da castração.
- está na simbiose, não houve interdição, o mundo não entra, haja vista que, esta entrada é realizada mediante o pai e a lei.
- portanto, não há organização.
¨3ª forma – DESMENTIR
Entra em contato com a castração, mas nega desmentindo.
“eu sei que não posso” – “mentira. Posso sim.”
(ambiguidade entre verdade e mentira)
Sabe o que é a lei para infringi-la.
Anulou o medo da castração.
Elege um elemento para tamponar a falta – fetiche, objeto usado para desmentir a castração, é a substituição do falo. E assim, tem que desmentir todo o dia.
¨Assim, o CE é o momento lógico e não cronológico da vida do sujeito onde as coisas se organizam, onde tudo se organiza.
¨Momento organizador que faz com que o sujeito se desenvolva.
Você, Você (Canção Edipiana)Chico Buarque
¨Que roupa você veste, que anéis?
Por quem você se troca?
Que bicho feroz são seus cabelos
Que à noite você solta?
De que é que você brinca?
Que horas você volta?
Por quem você se troca?
Que bicho feroz são seus cabelos
Que à noite você solta?
De que é que você brinca?
Que horas você volta?
¨Seu beijo nos meus olhos, seus pés
Que o chão sequer não tocam
A seda a roçar no quarto escuro
E a réstia sob a porta
Onde é que você some?
Que horas você volta?
Que o chão sequer não tocam
A seda a roçar no quarto escuro
E a réstia sob a porta
Onde é que você some?
Que horas você volta?
Quem é essa voz?
Que assombração
Seu corpo carrega?
Terá um capuz?
Será o ladrão?
Que horas você chega?
Que assombração
Seu corpo carrega?
Terá um capuz?
Será o ladrão?
Que horas você chega?
Me sopre novamente as canções
Com que você me engana
Que blusa você, com o seu cheiro
Deixou na minha cama?
Você, quando não dorme
Quem é que você chama?
Com que você me engana
Que blusa você, com o seu cheiro
Deixou na minha cama?
Você, quando não dorme
Quem é que você chama?
¨Pra quem você tem olhos azuis
E com as manhãs remoça
E à noite, pra quem
Você é uma luz
Debaixo da porta?
No sonho de quem
Você vai e vem
Com os cabelos
Que você solta?
Que horas, me diga que horas, me diga
Que horas você volta?
E com as manhãs remoça
E à noite, pra quem
Você é uma luz
Debaixo da porta?
No sonho de quem
Você vai e vem
Com os cabelos
Que você solta?
Que horas, me diga que horas, me diga
Que horas você volta?
¨
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